terça-feira, 27 de novembro de 2012

Android e a fragmentação das ROMs

Infinidade de dispositivos Android ao redor do mundo
Bom, gente...como muitos devem saber, o Android é um sistema Open Source. O que isso quer dizer? Quer dizer que o Google o desenvolve e o libera gratuitamente para quem quiser utilizar, assim como acontece com o Linux, a suíte de escritório BrOffice ou OpenOffice, bem como vários outros softwares.

Sendo assim, o Google não recebe absolutamente nada por cada aparelho Samsung, Sony, Motorola, HTC etc. vendido com Android, pois estes fabricantes obtém o sistema operacional sem necessitar de licença ou algo do tipo.

Sendo software livre, esses fabricantes podem fazer o que quiserem com o Android antes de incluí-lo em seus aparelhos (logicamente, seguindo algumas regras, como por exemplo manter o acesso à loja Google Play e a compatibilidade com os serviços do Google, entre outros). E é exatamente o que acontece. Cada fabricante inclui no sistema os aplicativos, os toques, os sons de notificação, os vídeos, as músicas, os fundos de tela e outras funções que bem entenderem.

Além disso, cada operadora de telefonia na qual os aparelhos serão vendidos também quer dar o seu toque personalizado ao sistema, incluindo nele itens próprios diversos, nas mesmas categorias citadas acima. 

Então já fica óbvio que o Android que vem num aparelho da Samsung é diferente do que vem num aparelho da Sony ou da HTC, concorda? E, até mesmo dentro de um único fabricante e um mesmo modelo de aparelho, haverá diferenças entre os sistemas de acordo com a operadora (um Samsung Galaxy S3 vendido na Vivo não tem o mesmo Android do mesmo modelo de aparelho vendido na Claro), e por aí vai. E muitas vezes você não consegue excluir tais app's ou personalizações.

No meu Galaxy S3 eu contei 23 aplicativos inseridos pela Samsung e 10 pela Claro, sem contar os outros itens customizados de cada empresa. E, cá entre nós, esses app's são, em sua maioria esmagadora, deploráveis.

Essas infinitas versões diferentes de um mesmo sistema são conhecidas como ROMs. São as incontáveis ROMs do Android.

Além delas, existem as chamadas ROMs customizadas (custom ROMs), que consistem em sistemas Android desenvolvidos por equipes de desenvolvedores independentes em cima do código original do Google ou, em algumas vezes, modificações das ROMs dos fabricantes. Dois exemplos dessas ROMs são a Cyanogen Mod e a MIUI ROM e um excelente artigo sobre as ROMs customizadas pode ser encontrado nesse link.

Para permitir que os usuários tivessem uma opção de uso do Android "puro" (ou seja, exatamente do jeito que é desenvolvido, livre de interferências de fabricantes e operadoras), o Google criou uma série de dispositivos chamados de Nexus, que incluem tanto smartphones quanto tablets. Atualmente os modelos disponíveis são o Nexus 4 (smartphone) e os Nexus 7 e 10 (tablets). Com eles (e apenas com eles) o usuário pode dizer que está usando o Android da forma como o Google o concebeu.

Agora que falei um pouco sobre as ROMs, vou traçar o comparativo com o iPhone. No iPhone não existe nada disso. O sistema (iOS) não é Open Source (portanto, é proprietário) e a única empresa que o desenvolve, atualiza e distribui é a própria Apple. Não há fabricantes intermediários (já que a própria Apple também é a única que fabrica o hardware) e nenhuma operadora inclui absolutamente nada no sistema. A experiência do usuário, de qualquer operadora e de qualquer país do mundo, é exatamente a mesma. 

Isso garante uma padronização da plataforma e evita que certos problemas ocorram, como por exemplo o caso do app "Google Agenda", oficial do Google, que, no caso do Samsung Galaxy S3, é substituído pelo app "Calendário", da Samsung (argh). E, além de não ser possível apagar o "Calendário" da Samsung, acontecia, até o dia 18/10/2012, que o "Google Agenda" (bem melhor), do Google, não estava disponível na loja Google Play. Portanto, o usuário ficava refém do app da Samsung. Hoje em dia ainda falta o Google lançar seu próprio app Contatos na Google Play, o que obriga os donos de Galaxy S3 a usarem o "Contatos" da Samsung até hoje.

Além disso, de acordo com o Gizmodo,  "Há, porém, dois obstáculos. Primeiro, o Google admite que ainda há alguns problemas de compatibilidade. Eu testei o app em um aparelho da HTC e tive problemas: os compromissos em Mês e Agenda funcionaram bem, mas vê-los por Semana e Dia não exibe nada – fica vazio, mesmo que haja compromissos marcados.
Segundo: o app só pode ser instalado em dispositivos com Android 4.0.3 ou superior. Se você está entre os mais de 50% usando Gingerbread ou inferior, este app não é para você"

Posso citar outro exemplo: o assistente pessoal "Google Now", recém lançado pelo Google e que já foi considerado, em vários testes, superior à Siri, do iPhone, está disponível apenas para a última versão (4.2) do Android, versão esta que, até o presente momento, só "equipa" a linha Nexus, do próprio Google. No entanto, esse app já foi lançado para iPhone, na loja da Apple (iTunes store). Então acontece atualmente uma situação que julgo esdrúxula: usuários de iPhone têm acesso mais rápido às inovações do Google do que os usuários do Samsung Galaxy S3, considerado um dos melhores smartphones com Android (que é do Google!) da atualidade. Dá pra entender isso?

Isso é reflexo da chamada "fragmentação" do sistema Android, causada pelo número incontável de fabricantes de dispositivos e de operadoras a modificar o sistema. Mais uma vez, sofremos as consequências da falta de padronização, citada aqui neste blog no post "Android: livre como o Windows".

No final das contas, a diversidade de "Androids" é tão grande que se torna inviável afirmar "eu conheço o Android". Podemos, no máximo, dizer: "eu conheço um (ou alguns) Android(s)" (a não ser que você use a linha Nexus, como dito acima; nesse caso, você conhece o Android puro).

O que acharam? Concordam? Ou vocês veem algo positivo também nessa fragmentação de ROMs? Seus comentários serão muito bem vindos abaixo! Será que você conhece alguém que gostaria de ler esse post? Compartilhe-o com essa pessoa!


Atualizado em 11/12/2012:

Recentemente, o conceituado blog Gizmodo publicou um post muito interessante sobre esse mesmo assunto, porém chamando de "skins" o que eu chamei de "ROMs" (haviam me dito que o nome era ROM).

Esse post, muito profissional e bem feito, pode ser lido nesse link e vem a confirmar o meu ponto de vista defendido acima.

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